domingo, 9 de novembro de 2008

Saudades dos balangandãs

Quando eu era menino o modelo de mulher bonita era do tipo “boazuda”, que deixava transparecer sensualidade sem mostrar nada de real. Valia mesmo era o desafio da imaginação pelos movimentos e desenvoltura da mulher. As atenções eram os seios fartos que reagiam conforme a dança, pernas grossas e cintura fina e que me perdoem as magras, mas poucos olhares recebiam.

Como as coisas mudam. Hoje vejo as mulheres quase desnudas mostrando nada, pois nada tem a mostrar e mais parecem esculturas. Nada mexe. A impressão que tenho é que a mulher está perdendo seu coração, sua auto-estima, sua sensualidade, sua naturalidade e se transformando num produto cibernético modelada pela plástica numa corrida desvairada e frenética para alcançar a glória de ser apenas uma imagem desnuda.

Imagem passageira, aliás, porque os anos passam rápidos e a tentativa desesperada e a qualquer preço da manutenção do desempenho está as tornando, no mínimo, em ridículas e grotescas figuras.

Velhas pelancudas mostram seios firmes de silicone e barrigas perfuradas pela lipo, perdendo o que é o mais bonito e sensual que é a maturidade e naturalidade.

A perfeição da mulher, segundo Balzac, era a mulher depois dos 30 anos. Hoje as de 30 querem ter a aparência das de 15 perdendo, desta maneira, o esplendor da beleza feminina. É uma pena.

É um tal de tira bunda e põe bunda, tira peito e põe peito que daqui a pouco vão ficar todas iguais e irreais.

Depois as mulheres reclamam que os homens as querem apenas por um momento. Na verdade elas estão se transformando fisicamente na tentativa frustrada da juventude eterna. Passou um pouquinho: troca-se por outra por que o que vale é apenas o desfrute passageiro da figura.

O amor, a paixão e o carinho estão intimamente ligados ao coração e não ao corpo.

O cheiro da mulher também esta se transformando dos aromas silvestre das flores para o cheiro fétido do suor e da fome dos regimes obsessivos, que as transformam em pálidas “Olívia Pálido” - o símbolo da feiúra das revistas em quadrinho do marinheiro Poppye.

Ou isso ou então as gordinhas mesmo. Tenho pena da juventude de hoje pela perda do mais elegante, do saudável e natural, da beleza simples que se leva da juventude para a velhice, da mulher de verdade. Mulher com cara de mulher, cara de amante, cara de mãe, enfim, cara e corpo de gente.