domingo, 17 de fevereiro de 2008

memórias espalhadas

Quanta saudade da “vó Berê”.
Roberto Stoll
roberto@stollnogueira.com.br
Todo dia das mães, meu coração fica apertado. A sensação de que me falta algo fica latente e, por mais natural que seja a morte, não consigo me conformar. Confesso que sinto muita saudade da minha mãe…mais que mãe, minha amiga, companheira, parceira e confidente.
Daqui a alguns dias, vai fazer 6 anos que ela se foi. Se foi mesmo, eu não sei, por que em todo o momento sinto a presença dela. Lembro dela cuidando o jardim, do seu jeito de andar, do seu tricôt, do seu sorriso, e ainda me ecoa no ouvido os gritos dos meus filhos chamando por ela. E ela sempre estava pronta, fosse qual fosse o pedido, que nem uma fada. Ah, como minha mãe me faz falta!
Era um dia de chuva. Garoava e parecia que o céu comemorava pelo ingresso daquela jardineira de mão cheia, que quantas vezes me acariciou, com aquelas mesmas mãos, no momento preciso de um afago. Tratava as pessoas como se trata uma planta frágil que precisa de atenção e cuidados e, só me dei conta disso, depois que ela se foi. Nunca me faltou água ou cultivo e foi assim que ela me fez. Eu tinha sempre a certeza da sua compreensão incondicional e isso me dava força e confiança. Ela quase nada não dizia, mas sua presença era meu esteio.
Meus pensamentos ainda podem entrever seus cabelos brancos, seu olhar curioso, sua fala macia, sua vontade de viver. Lembro-me de que, quando viajava, ela ir verificar a minha mala para ver se não ia me faltar nada. Lembro-me de seus abraços apertados quando eu voltava, das minhas gavetas cheirosas com seus sabonetes e dos seus doces nas horas mais amargas. Para minha infância e juventude os estímulos de minha mãe foram decisivos. No frio, sempre tive um casaco e uma luva feito por ela com muito esmero … aliás tudo que ela fazia era perfeito. No verão nunca faltou um suco gelado e, se porventura tivesse uma gripe, sempre tinha um “leitinho com açúcar queimado”, temperado com muito amor. Lembro ainda dos cafezinhos tomados no fim da tarde. Quanta prosa boa e quanta informação nova para quem quase nunca saia de casa. Sempre me deu tudo e nunca me pediu nada em troca, a não ser de estar por perto, coisa que nem sempre pude fazer.
Nunca vou poder restituir tanto para a minha querida jardineira. É doloroso o sentimento de ter feito menos que devíamos para os que partiram. Nunca me perdoei por isso. Ano passado mandei um recado pra ela. Não sei se já chegou. Mandei por meu neto Mateus, quando ele partiu antes mesmo de chegar, e dizia mais ou menos assim:
Veio como um sopro./ Sopro de uma nuvem/ Branca como o algodão/ dos cabelos da bisa Berê. // Do céu, /Te levei a terra. / Na terra / Te encontrarei de novo / Pra você me levar ao céu. // De anjo te chamarei / De avô me chamarás / E juntos iremos achar / O sorriso da d. Berê.